quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Ululante

Acordou sem ter sonhado. Levantou-se com a camisa empapada de suor. Pôs a mão na testa em brasa, a outra sobre o pomo de Adão e, por fim, no peito hermético. Sentiu uma dor aguda célere no meio da costela. Por um instante.

Concluiu que devia tomar ar. Levantou-se da cama. Apanhou uma vela. Passou pelos cômodos da cabana. Abriu a porta dos fundos. Entrou na noite olhando para o chão. Voltou o olhar para a floresta anormalmente clara em tal noite. Vislumbrou o céu acima. Entendeu o porquê. Por um instante.

Contemplou uma enorme bola branca. Duas bolinhas pretas em seus olhos cresceram demais. Mãos abriram-se e incharam, como se quisessem muito agarrá-la lá no alto. Joelhos arquearam-se rijos em posição de bote. Entranhas pungiram-lhe em todas as partes, essencialmente no peito.